Primavera
abandonada à sua própria sorte junto à porteira da fazenda vivia florida. A
exuberância de sua floração era tamanha que chamava a atenção de todos.
De tanto
elogiarem a primavera começamos a cuidar dela. Tiramos o mato que tinha à sua
volta, afofamos a terra e colocamos adubo, enfim, cuidamos dela como nunca.
Nos anos
seguintes, a sua floração foi diminuindo até que chegou um ano em que quase não
floriu.
Chamamos um
especialista. Um engenheiro agrônomo paisagista e lhe contamos o caso.
Nossa
pergunta era: O que aconteceu com a nossa primavera que nunca mais floriu como
antes?
E ele nos
disse:
"Ela não
deu mais flores porque não precisa mais. Ela agora está muito bem cuidada,
muito saudável, muito confortável, muito segura... As árvores dão flores para
sobreviver. Como ela sentia-se ameaçada, ela floria muito para garantir a sua
sobrevivência. Agora, adubada, cuidada, tranquila, ela não precisa mais florir!
E ele ainda
nos disse: Vocês se lembram que os antigos davam umas machadadas no tronco das
mangueiras para que elas dessem mais frutos? E elas, de fato, produziam mais
frutos porque reagiam àquela agressão que as ameaçava".
Ao ouvir a explicação
daquele agrônomo, fiquei pensando se com o ser humano não acontece à mesma
coisa.
Será que o
excesso de conforto ou de segurança não pode nos fazer acomodados e nos impedir
de "produzir os frutos" que por certo produziríamos se tivéssemos
ameaçados em nossa sobrevivência?
Será que um
pouco de "estresse" não faz bem porque nos tira da acomodação causada
pelo conforto excessivo? Será que na busca de uma tranquilidade excessiva não
estamos deixando de produzir?
É uma
reflexão que vale a pena ser feita.
A acomodação
pelo excesso de conforto e ausência de problemas pode nos levar ao tédio, à
sensação de inutilidade.
Uma tensão
positiva, uma atitude de desafiar-se com novos projetos e ideias talvez faça
florescer em nós o entusiasmo que tanto precisamos e nos faça produzir os
frutos de nosso almejado sucesso.
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